Quarta-feira, 08 de maio de 2024 |
Uma das tarefas mais difíceis da escola refere-se à avaliação. Pode ser expressa com conceitos, números ou letras. Atribuir nota às crianças ou aos adolescentes é sempre complexo. Sabe por quê? Eles não são depósitos de informações passíveis de serem medidas e calculadas matematicamente.
Seu filho é mais: tem desejos, ansiedades, predisposição a determinadas áreas e desinteresse por outras ou pode, simplesmente, estar atravessando momentos difíceis e especiais.
Questões como estas fazem diferença quando pensamos nas notas tradicionais, resultantes de avaliações formais que, muitas vezes, causam angústia e frustração.
No processo de aprendizagem e avaliação há mais do que conteúdo acadêmico a ser levado em conta: habilidades desenvolvidas, o prazer pelo trabalho, a colaboração entre os colegas, as tarefas cumpridas no tempo pedido e a autonomia conquistada durante as atividades. Elementos que dependem de uma apurada observação e intervenção do professor.
Avaliar é levar em conta um processo maior do que o resultado de uma prova ou de uma atividade escolar. Nesse percurso, muitas vezes entra em jogo o próprio trabalho desenvolvido pelo educador. Exige sensibilidade, autocrítica e discernimento.
Por isso, não fique tão inquieto com notas e conceitos. Não veja o boletim como o retrato numérico de seu filho. É apenas a constatação de como ele está assimilando informações num determinado momento.
O valor atribuído pelos pais às notas não deve ganhar a proporção do dinheiro investido. Que tal refletir de forma mais ampla e crítica sobre o que a escola tem oferecido ao seu filho para que os resultados da aprendizagem sejam expressivos? Muitas vezes ela apresenta um projeto pedagógico aparentemente moderno, mas seu sistema de avaliação é obsoleto, não atendendo às necessidades atuais.
Há, inclusive, uma busca constante pelo melhor método de avaliação que esteja adequado às novas propostas educacionais. Avaliação é apenas mais um instrumento da aprendizagem, não de punição.
Portanto, vale ponderar sobre o conceito de que os resultados mais importantes não são as notas, apesar do investimento de boa parte da renda mensal da família na educação.
Einstein tinha péssimas notas em matemática. Você sabia? Os exemplos são inúmeros. Você já deve ter ouvido falar de casos de profissionais com sucesso e reconhecimento que nos bancos escolares foram alunos medianos, alguns até com notas baixas, rendimento medíocre, como se a instituição não conseguisse lidar com sua forma de pensar, de ser e de agir. Isso não ocorre por acaso.
Para os adolescentes, a carga parece ser mais pesada ainda. A família preocupada, vê-se diante da tradicional pergunta: será que, com essas notas, ele estará preparado para um vestibular? Nada mais precipitado e angustiante. Nada mais injusto num momento em que o próprio processo seletivo das universidades vem se alterando.
Ora, com tantas questões, é importante que você contenha sua ansiedade diante de uma avaliação que nem sempre traduz os resultados de seu filho da melhor forma. Não, não se trata de desvalorizar a avaliação, mas de colocá-la no devido lugar.
Fazer a criança entender que a avaliação não é o objetivo maior, mas o resultado natural de seu trabalho diário parece ser o ponto de partida.
Acompanhar seu filho nas tarefas escolares diariamente é de grande valia e pode ser muito divertido; além de aproximá-lo ainda mais das experiências vividas pelo filhote. Não há dúvida de que isto reverterá em resultados mais satisfatórios do que uma cobrança às vésperas da prova.
A observação constante dá pistas importantes do quanto a escola está conseguindo despertar no aluno o prazer pelo conhecimento. Na falta dele, não hesite em checar os reais motivos. Trocar idéias com professores e coordenadores é sempre saudável e previne questões futuras.
* Norma Leite Brandão é pedagoga e educadora.
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